Doutorado em Ensino de Ciências - CAMPO GRANDE

A Área de Ensino de Ciências Naturais visa à análise e discussão de questões relacionadas ao processo de ensino aprendizagem com foco tanto na formação de conhecimentos pelos alunos como na formação docente. Busca por meio das pesquisas propor intervenções que contribuam para a superação das dificuldades identificadas nesse processo. As propostas, baseadas em teorias de ensino aprendizagem, articulam o processo de formação de conceitos, como expresso nas teorias epistemológicas clássicas, com o conteúdo específico de cada disciplina. Reflexões sobre o cotidiano escolar e seus atores, bem como das políticas públicas que o influenciam,serão desenvolvidas buscando as possibilidades de utilização de estratégias que contemplem o contexto regional contribuindo para a qualidade do ensino dessa área de conhecimento. Estão inseridas, na área, temáticas relativas à formação inicial e continuada de professores de Ciências Naturais, da educação básica e universitária. A relação entre formação profissional específica aliada à formação pedagógica busca o desenvolvimento do espírito crítico oportunizando reflexões sobre a prática pedagógica em ciências, considerando que a melhoria do processo de ensino-aprendizagem só acontece por meio da ação do professor.O desenvolvimento das pesquisas privilegiará a interdisciplinaridade e a relação entre aspectos pedagógicos e do conhecimento específico. A abordagem da Educação Ambiental permeará a área, pois é reconhecida como um contexto que privilegia a interdisciplinaridade e a visão crítica sobre as relações entre a sociedade e a natureza.

O processo de forma??o de conceitos ? um dos temas mais presentes no campo de pesquisa educacional. Esse t?pico tem sido estudado por diferentes autores. No ensino de Ci?ncias, observou-se nos ?ltimos anos a necessidade de articular-se o processo de forma??o de conceitos, como expresso nas teorias epistemol?gicas cl?ssicas, com o conte?do espec?fico de cada disciplina. A compreens?o dos obst?culos epistemol?gicos, o desenvolvimento e a avalia??o de estrat?gias visando ? supera??o destes obst?culos s?o etapas necess?rias para a constru??o de um ensino voltado para a evolu??o conceitual em dire??o ?s concep??es cient?ficas. Dentre as possibilidades, a utiliza??o de estrat?gias baseadas no uso de tecnologias baseadas na telem?tica tem se mostrado promissora na consecu??o desse objetivo. Da mesma forma, a utiliza??o de recursos pedag?gicos convencionais aliados a novas estrat?gias de aplica??o podem tamb?m levar ? supera??o desses obst?culos. Portanto, a quest?o da forma??o dos conceitos cient?ficos e de como esses conceitos se articulam com o dia a dia dos estudantes ? uma quest?o crucial para a constru??o de um saber cient?fico consistente. Assim, esta linha de pesquisa buscar? a discuss?o e an?lise destas quest?es privilegiando aspectos relativos ? constru??o de conceitos com a inten??o de destacar implica??es que possam contribuir na fundamenta??o de recursos pedag?gicos no Ensino de Ci?ncias.

Nesta linha de pesquisa estão inseridas temáticas relativas à formação inicial e continuada de professores de Ciências (Biologia, Física e Química), da educação básica e universitária. Na formação inicial considera-se a valorização da formação específica aliada à formação pedagógica, isto é, a articulação entre conhecimentos específicos de Ciências e conhecimentos pedagógicos, no sentido de buscar o desenvolvimento do espírito crítico e a possibilidade de estabelecer o diálogo pedagógico e científico. A formação continuada é aqui entendida como um processo permanente de desenvolvimento e aprimoramento profissional docente, ao oportunizar reflexões críticas sobre a prática pedagógica em ciências, considerando que a melhoria do processo de ensino-aprendizagem só acontece por meio da ação do professor, implicando, também, uma aproximação e o envolvimento com as pesquisas educacionais em todos os níveis. A literatura tem evidenciado críticas quanto à efetividade do ensino de ciências na educação básica, apontando a formação docente inicial em Ciências como um dos principais obstáculos ao processo de aprendizagem dessa área. No processo de formação inicial há uma dicotomia entre teoria e prática, que se concretiza na separação entre disciplinas específicas e disciplinas pedagógicas, conhecimento acadêmico e realidade escolar. Isso tem gerado dificuldades para os professores tornarem os conteúdos aprendidos na graduação disponíveis aos alunos das escolas de nível básico. Outro ponto articulado com os anteriores, e que influencia de forma direta o processo de formação de professores, são as políticas públicas e os processos históricos que orientam a formação docente. Esta influência se manifesta em dois momentos: o primeiro, na definição de qual deve ser o currículo de um curso de formação de professores, definindo não somente os conteúdos como a carga horária destinada a esses conteúdos; o segundo diz respeito à percepção de qual é a função docente no ambiente escolar. A influência das políticas públicas pode ser analisada tanto a partir do ponto de vista histórico quanto do ponto de vista da legislação pertinente. Enquanto o primeiro aborda o processo evolutivo dessa percepção, o segundo nos indica como essa percepção é institucionalizada e passa a ser uma política de Estado. Assim, esta linha de pesquisa buscará a discussão e análise destas questões e privilegiará temáticas que envolvam a formação inicial e continuada dos professores de Ciências, incluindo a história do processo dessa formação e das políticas públicas que orientam esse processo, bem como a intervenção nas práticas pedagógicas em diferentes contextos como foco de investigação.

A área de concentração em Educação Ambiental objetiva a análise e discussão de questões relacionadas ao processo de ensino aprendizagem com foco tanto na formação de conhecimentos pelos alunos como na formação docente, para atuação crítica e reflexiva na interface educação ambiental e ensino de ciências. A abordagem conceitual em relação à Educação Ambiental é ampla, contemplando as diversas vertentes da área. Busca-se estabelecer no âmbito do cotidiano escolar e da pesquisa, a construção de conhecimento que possibilite o delineamento de Políticas e de Educação Ambiental no ensino básico e superior, na educação formal e não formal. As pesquisas desenvolvidas no âmbito do programa buscarão a reflexão sobre a inserção da Educação Ambiental interdisciplinar e contextualizada no currículo da educação básica e universitária. Proporão intervenções que contribuam para a superação das dificuldades identificadas e delinearão diretrizes para sua abordagem nos diversos níveis de ensino. Além disso, possibilitarão a promoção do debate teórico e científico interdisciplinar, a fim de estimular o avanço do conhecimento sobre as relações entre o meio ambiente e o desenvolvimento, contemplando valores éticos e competências para o enfrentamento dos desafios econômicos e socioambiental sustentáveis.

A degradação do ambiente verificada nas últimas décadas impulsionou o surgimento de um sentimento estético e moral de valorização da natureza, reacendendo as reflexões filosóficas, sociológicas e antropológicas sobre as condições humanas, especialmente as que se relacionam à natureza. Estas reflexões tornaram-se recorrentes entre os que buscam compreender a ética subjacente às relações presentes na sociedade e desta com a natureza. A questão ambiental passou a ter destaque internacional a partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, que resultou na “Declaração sobre o ambiente humano”, em que as ações educativas foram consideradas fundamentais para a resolução das questões ambientais. Assim, entra em pauta a Educação Ambiental. Em 1977 foi realizada a primeira conferência intergovernamental dedicada à Educação Ambiental, definida como “...uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade” (MEC, 2001). Seguindo a tendência internacional, a temática ambiental foi inserida no ensino formal brasileiro, através da Constituição Federal de 1988 em seus Artigos 205 e 225, parágrafo VI. Está contemplada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), como um tema transversal no ensino básico. Em 2012 foi aprovado pelo CNE/CP a resolução 02/2012, que estabelece as diretrizes curriculares nacionais para a Educação Ambiental. A história também tem demonstrado que ações educativas são incontestavelmente as únicas formas de se promover adequações de comportamento no sentido da compreensão da “interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade” (Parâmetros em Ação – Meio Ambiente na Escola, 2001). Este é o desafio do século XXI e apenas será vencido se as questões ambientais estiverem inseridas no cotidiano das pessoas. A melhor maneira para viabilizar esta inserção se dá através do processo educacional que pode possibilitar à sociedade assumir uma postura ética e responsável em relação ao ambiente humano e natural. Ao pensar nessas relações é preciso, portanto, considerar as dimensões ética, política, social, cultural, econômica e natural. A Educação Ambiental promove estas discussões no âmbito escolar e da pesquisa, contribuindo para a construção de uma Política Ambiental e de Educação Ambiental no ensino básico e superior, além de cumprir o que está expresso na legislação específica. Este é o motivo pelo qual a Educação Ambiental está inserida no programa de Mestrado em Ensino de Ciências, na forma de uma linha de pesquisa, e passa a compor esse projeto de Doutorado. -------- Áreas de Concentração Vinculadas: Educação Ambiental